sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Amor Maduro

O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas mais silencioso. Não é menor em extensão. Ele é apenas mais definido, colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.

O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro, está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos, o prazer de conviver, o equilíbrio de carne e espírito.

O amor maduro não disputa, não cobra, pouco pergunta, menos quer saber. Teme, sim, mas não faz do temor argumento. Basta-se com a própria existência. Alimenta-se de instante presente valorizado e importante, porque redentor de todos os equívocos do passado.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois.

O amor maduro não precisa de armaduras, coices, cargos, enfeites, celofane, papel de presente, flâmulas, hinos, discursos ou medalhas: vive de uma percepção tranqüila da essência do outro.

Está relacionado com a vida e sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão, renda, música e mistério. É a forma sublime de ser adulto. E, (sem jogo de palavras) a forma adulta de ser sublime e ser criança.

O amor maduro, é uma relação pacificamente com o que dentro de nós não desistiu de crer, querer, sentir e esperar; do que é maior que a experiência, a dor, o cansaço e os apelos para desertar. E o sol de outono. Claro mas sem ofuscar. Suave mas definido. Discreto mas certo. Um sol que aquece até queimar.

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